Jogos eletrônicos e de tabuleiro, quiz e almanaque são alguns dos objetos de aprendizagem desenvolvidos nas aulas de Projeto Integrador (PI) do curso Técnico Subsequente em Meteorologia do Instituto Federal de Santa Catarina (Ifsc), para uso e auxílio didático dos estudantes do Ensino Fundamental e Médio da Escola Social Lúcia Mayvorne, localizada na comunidade do Monte Serrat, no Maciço do Morro da Cruz.
“É uma forma de trazer o conceito científico e multidisciplinar de forma clara e fácil, a partir do cotidiano dos alunos. O PI tem o perfil educacional didático”, ressalta o professor e coordenador da iniciativa, Eduardo Beck.
Ele conta que o projeto “Meteorologia do cotidiano à ciência: a meteorologia como ferramenta de aprendizagem no ensino fundamental e médio”, que está em sua terceira edição, foi concebido a partir de uma parceria estabelecida entre as duas instituições de ensino. A iniciativa conta com o apoio institucional oferecido pelos editais de Integração da Pesquisa e Extensão ao Ensino (EPE), publicados anualmente pelo campus Florianópolis do Ifsc.
A partir dos editais, são contratados alunos bolsistas para o desenvolvimento de material de apoio aos projetos integradores, como o site do projeto, bem como para a viabilização financeira para a construção ou reprodução dos objetos de aprendizagem que são concebidos pelos alunos nas unidades de Projeto Integrador.
Para os estudantes do curso Técnico em Meteorologia, o projeto representa uma significação mais profunda daquilo que eles propõem e concebem nas atividades das unidades curriculares de Projeto Integrador, além de propiciar uma atividade mais comprometida com as proposições de pesquisa e extensão do Ifsc, colaborando de forma fundamental em sua formação profissional. “Além disso, o projeto incentiva a participação mais direta através de bolsas de extensão, o que propicia uma renda extra para alunos que necessitam desse apoio, e uma dedicação mais intensa ao processo de trabalho”, argumenta o professor.
“A participação dos professores do Lúcia (denominação carinhosa para a escola parceira) tem sido fundamental para a construção bem direcionada dos projetos, sendo que as propostas normalmente são apresentadas aos professores da escola, que criticam e indicam caminhos e faixas escolares de aplicação”, destaca Beck.
Segundo o coordenador, após o retorno presencial, tanto no Ifsc quanto na escola parceira, o processo de interação entre as duas entidades se modifica, tendo agora a participação do conjunto dos professores, que aplicarão os projetos em suas aulas e devem incluir os objetos de aprendizagem em seus planos de ensino, e não mais apenas os coordenadores e articuladores da escola, como vinha ocorrendo durante a pandemia.
Produção
Vários projetos integradores já foram desenvolvidos ao longo dos três anos de parceria, e estão publicados no site do projeto ou disponibilizados concretamente na escola. Os PIs, realizados em equipe, têm duração de dois semestres: o primeiro é para organizar e planejar o trabalho; e o segundo, mais prático. “No segundo semestre do ano passado, o almanaque foi realizado 100% online, devido à pandemia, e por três equipes que trabalharam concomitantemente. Ele traz, todos os meses do ano, com suas características meteorológicas, dados e curiosidades para toda a comunidade. Os temas aparecem misturados ao longo do almanaque, que está dividido nos meses do ano, sendo que cada mês também busca trabalhar um tema em especial, como o vento em janeiro, as mulheres na ciência em fevereiro, o outono em março e assim sucessivamente. Traz ainda informações sobre astronomia, com conceitos, planetas e mitologia; prevenção, com dicas sobre o que fazer em casos de eventos meteorológicos; e regionalidade, trazendo termos e ditos populares ligados à meteorologia”, conta Eduardo, que complementa: “As professoras de Física e Química da escola já se propuseram a utilizar o almanaque em suas aulas, devendo montar seu plano de aula para o terceiro trimestre deste ano, sendo este plano apresentado em reunião de planejamento em setembro próximo”.
O primeiro a ser produzido foi O Jogo do Tempo: aprendendo Ciências, no primeiro semestre letivo de 2020. O jogo de tabuleiro traz a meteorologia como tema, onde os participantes devem identificar um termo a partir de dicas. Ainda no mesmo período letivo, foi desenvolvida a Estação Meteorológica como Ferramenta Educacional Escolar Multidisciplinar: material instrucional sobre o uso da estação meteorológica de baixo custo instalada na escola parceira.
Depois, foram desenvolvidos o Diário de Observação Meteorológica: Temperatura, Precipitação e suas Nuvens, que consiste em um guia de instalação e observação de instrumentos caseiros a serem utilizados por estudantes em suas casas; um plano de uma gincana envolvendo a estação meteorológica da escola e atividades físicas; uma Horta Vertical Escolar; além de um jogo digital baseado no Jogo do Tempo, que pode ser configurado pelos professores do Lúcia.
Atualmente, a turma do Projeto Integrador está desenvolvendo um simulador de vórtice atmosférico. “Eles estão finalizando o sistema concreto que simula um vórtice atmosférico, como um tornado, e um simulador de circulação atmosférica, ainda em projeto, que simula o funcionamento da circulação geral da atmosfera", informa o professor. “Está prevista para edições futuras a ampliação do processo de definição dos projetos integradores, passando a idealização também vinda dos alunos e professores do Lúcia, em um caminho mais direto e contextualizado do que esse que atualmente estamos trabalhando”, revela o coordenador.