Em um cenário onde 1 em cada 4 brasileiros estão endividados, como conta o professor e gestor Rafael Visolli, a educação financeira é fundamental. Em entrevista, o professor fala da importância de aprender educação financeira nas escolas.
Com mais de dez anos de experiência, Rafael atua como coordenador do Colégio e Curso AZ Floripa, que vai oferecer a matéria como uma das opções do itinerário formativo do Novo Ensino Médio, que passa a vigorar obrigatoriamente em 2022, inicialmente para os alunos do primeiro ano.
ND+: Quais as vantagens de aprender sobre finanças na escola?
Visolli: Precisamos diferenciar conhecimento financeiro de educação financeira. O primeiro pode ser obtido em diversos lugares, principalmente na internet. Já educação financeira é a junção do conhecimento com a prática e a cultura. A prática leva à cultura.
Quando você pratica o conhecimento, está de fato sendo educado em uma determinada área. Há pessoas que têm conhecimento em determinado assunto, mas que não conseguem aplicar.
Por exemplo: eu sei que exercícios físicos fazem bem para a saúde. Mas eu pratico exercícios físicos? O mesmo vale para a área de finanças.
A escola é o lugar onde temos a oportunidade de gerar conhecimento – também em educação financeira. Vamos ensinar na prática como o aluno pode obter resultados com esse conhecimento.
Na minha opinião, educação financeira poderia começar já nos anos iniciais do ensino fundamental.
ND+: Como a escola está preparada para ensinar os jovens nessa disciplina?
Visolli: No nosso caso, firmamos uma parceria com a Somma Investimentos e teremos, além de um professor titular na disciplina, apoio de especialistas externos.
Uma equipe com matemáticos e economistas vão participar das aulas e apoiar os alunos até em atividades práticas. A intenção é conciliar a pedagogia da escola aos conhecimentos práticos dos profissionais de mercado.
ND+: Economistas e matemáticos que atuam no mercado podem conversar com os alunos e ensinar sobre como administrar finanças pessoais e como atuar no mercado financeiro? Explique como isso pode ocorrer na sala de aula?
Visolli: A função da escola nesse caso é dar o instrumental de conhecimentos necessários para os alunos compreenderem os conceitos relacionados à educação financeira.
Ao mesmo tempo, “traduzir” para a linguagem desse público as informações que matemáticos ou economistas estão passando.
Às vezes esses especialistas podem apresentar uma linguagem mais técnica. E a escola traduz isso em uma ideias e dados que o aluno consegue entender e relacionar.
ND+: Por que o AZ escolheu educação financeira como itinerário formativo?
Visolli: A maioria das escolas do ensino médio prepara o aluno apenas para o vestibular. Nesse caso, assim que o aluno entra na faculdade, a escola á por cumprido o seu papel. Mas isso pode não ser o suficiente.
Entrar na faculdade é fundamental, claro. Mas o ensino pode ser mais abrangente e duradouro. Até porque no futuro o hoje estudante vai ocupar um espaço no mercado de trabalho e pode ser beneficiado por toda a vida pelos conhecimentos de educação financeira que obtiver agora.
Vi recentemente uma pesquisa que mostra que 1 a cada 4 brasileiros está muito endividado. É um dado alarmante. A escola pode ajudar a mudar essa situação. Um dos pilares da disciplina de educação financeira será a gestão do orçamento doméstico.
Em um segundo momento, os estudantes vão aprender também sobre questões como investimentos.